O Tempo é relativo (Como dizia Einstein)  

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Há pouco tempo atrás eu pensava ser um bom mestre, lia muito sobre o RPG e o sistema que mestrava, criava tramas complexas, tesouros únicos, NPCs carismáticos, vilões sinistros e foderosos, oferecia aos jogadores oportunidades incríveis tanto para a história deles, quanto para interpretação... mas um dia, um amigo me perguntou: Bio, quantas vezes você já foi jogador?

Inicialmente achei estranha a pergunta, não via porque eu teria que ter sido muitas vezes jogador para ser um bom mestre, pensei precisar apenas ter sido muitas vezes mestre e estudado como ser mestre, afinal, eu não queria ser um bom jogador, nem sabia se gostava de ser jogador.

Então começaram a surgir mais vestígios de como eu estava sendo obtuso com o assunto.

Meus jogos presenciais no inicio tinham hora marcada pra começar, mas não tinham pra terminar, isso fazia com que alguns jogadores ficassem inquietos. Marcamos então hora de término. Bem, não durou muito tempo, sempre ficava coisas a completar e acabamos nos estendendo de novo, novamente um jogador falou sobre horário para terminar. Se o game estivesse marcado para durar 3 horas, no início começariamos a contar, e 3 horas depois, tínhamos que acabar. Todos se divertiam muito quando o tempo se estendia, por isso achei estranho o pedido, eu era o que mais gostava, mas o tempo passa...

Em meus jogos sempre gostei de recompensar muito os jogadores com ítens único e um bom dinheiro ao fim de uma aventura sofrida e uma missão cumprida, mas como gosto de mistérios, nem sempre avisava o que estava em jogo... Eles perdiam a motivação, achando que não receberiam nada em troca de tanto sangue e suor que davam para chegar tão perto da morte.


Querendo ajudar, sempre encontrava alguém para iniciar algo para eles, uma missão, um mistério, uma tarefa, etc. Pareceu que estava podando a liberdade do RPG.

Então resolvi! Já estava na hora de eu entender, descobrir o que faltava. Não tudo pois seria impossível, mas ao menos o que eu tinha em mãos no momento. Era hora de eu virar UM jogador.

Me inscrevi no D&D Gameday de Brasília que aconteceu hoje. Primeiro queria ir aos eventos de mestre, pois tem coisas que ainda não consigo abrir mão. Duas palestras eram importantes, uma de 9:30 e outra de 10:30.

A de 9:30 começou 10hs, deu 12hs e não havia chegado à metade, o mais importante eu teria que abrir mão, em favor do meu almoço. A segunda palestra... sem chance, não queria sair no meio da primeira.

A tarde era o grande jogo D&D 4ª edição com o mais novo PLAYER'S HANDBOOK 2, começaria as 14hs e terminaria as 17hs... mera ilusão... deu 16 hs e ainda estavamos no primeiro combate, 16:30... primeiro combate... 17hs... primeiro combate, os organizadores já pedindo pra gente encerrar, partes da aventura estavam sendo devoradas e ignoradas, mas não dava 18hs, surgiram os monstros do 2º combate no primeiro, pra ver se dava tempo... virou uma bagunça, me diverti pouco, não deu pra terminar, fiquei ansioso pra ir embora, não porque estava ruim, mas porque não estava no horário que eu havia planejado. E eu tinha compromissos depois.


LIÇÃO 1: O jogo sempre vai estar bom para o mestre, porque ele tem o poder de mudar qualquer coisa, a qualquer hora, e sempre vai ficar do jeito que o diverte. Mas nem sempre vai estar bom para os jogadores. A falta de compromisso com o horário quase anulou minha diversão. Meus jogos, online ou presenciais terão horário para terminar, e pode estar caindo um meteoro de pegasus na cabeça do pikachu enquanto os power rangers invocam um Bob esponja gigante... o game vai acabar com o consentimento dos players(TODOS ELES).

LIÇÃO 2: Uma batalha prolongada, além de exaurir os recursos dos jogadores, os deixa exaustos e entediados (ao menos a mim deixou), o tempo do combate agora será importante, se tiver se prolongando demais, é porque algo saiu errado no planejamento e é hora da criatividade comandar;

LIÇÃO 3: Eu conhecia todos os monstros que iam aparecer, sabia como me livrar deles e seus temperamentos, o que fez com que tivesse uma estratégia para tudo, nada era novidade, nada me surpreendeu. Meus jogadores não merecem isto, então usarei os 8 livros de monstros que possuo para sempre deixar algo no ar, alterarei atributos para, mesmo quem tenha lido os livros, não saibam tudo e sempre se surpreendam com uma coisa e outra. E não adianta pedir informações em off!

LIÇÃO 4: Os mestres foram avaliados pelos seus jogadores, em notas de 1 a 5 e depois escreviam num campo ao lado uma observação para o mestre saber o motivo daquela nota, de preferência uma crítica construtiva. Bem, vou me esforçar ao máximo para aceitar TODAS as críticas como construtivas e tentar melhorar as falhas, para isso, vou pedir sempre feedback dos jogadores, e, se bem recebido, apresentarei o meu;

LIÇÃO 5: As coisas simples, os estereótipos, o básico também funciona. Nem tudo precisa ser genial, intrincado, complexo e emaranhado. Mas que isso raramente agrada, não tenho dúvidas. Continuarei incentivando backgrounds completos e bem feitos, personagens ricos e com defeitos, consistentes e memoráveis. Porque, entrar numa caverna com um grupo que nem se conhece pra pegar uma coisa que ninguém nem sabe pra que serve... ninguém merece!

LIÇÃO 6: Não gosto de jogar, nasci pra mestrar ou narrar. Mas continuarei jogando pra aprender o que um jogador quer, gosta e admira. Ser um mestre é, primeiro de tudo, divertir os jogadores com uma boa história contada em conjunto. Se não souber o que diverte um jogador, nunca serei um bom mestre.

LIÇÃO 7: O texto tá ficando grande, estou tomando TEMPO demais para falar o quanto o TEMPO pode ser muito TEMPO para alguns ou pouco TEMPO para outros... então amigos...

APROVEITEM O SEU TEMPO!


[Mestre Bio]


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Blog: http://furyanos.blogspot.com/

This entry was posted on domingo, 27 de setembro de 2009 at 23:33 and is filed under , , . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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